terça-feira, 31 de janeiro de 2012
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Em uma esquina qualquer...
- Helena... Você por aqui minha jovem.
- Olá Renato... Quanto tempo, não?
- Sim, moça. Pois então, como está a vida?
- Estou levando. E a sua?
- Está boa. Percebi que continua uma mulher de poucas palavras...
- Foi a vida... As pessoas se cansaram de mim doce, então me tornei amarga.
Ela acende um cigarro
- Largue disso, Helena, há quanto tempo tem este hábito desprezível?
- Desde o dia que você foi embora.
- Quanto clichê, Helena... sempre esperei mais de você. Realmente a vida está lhe cobrando muito para estar virada em cacos.
- Ah meu caro, se você soubesse o que eu passei estes anos todos sem ti, não cobraria tanto de minha pessoa.
- Rainha do drama. Vejo que nada mudou desde o nosso término. Quanta infantilidade, Helena. Quanta infantilidade...
- Era isso? Pois bem, tenho uma vida a conduzir, adeus.
- Espere Helena... Não quer tomar um cafezinho? Conheço um lugar ótimo, fica a duas quadras daqui.
- Tudo bem... Mas rápido. Logo tenho que trabalhar.
- Trabalhar? A filhinha de papai tomou um jeito na vida? Fico feliz.
- Ah Renato, digo mais uma vez. Você não sabe o que eu passei estes anos todos sem você.
Eles chegam a um barzinho calmo.
- Pois bem, este é o lugar espero que goste.
- Que coisinha mais aconchegante... adorei.
- Então, tem algo mais para me contar?
- Me casei.
- O que... Digo, como quem?
- Com o Roberto, lembra? Nosso colega de faculdade.
- Ah sim, moço de sorte ele.
- Obrigada.
O garçom chega
- Vou querer um café bem forte.
- O mesmo para mim.
- Café Helena? Quantas surpresas, você nunca foi de beber líquidos quentes.
- Ah, foi o Roberto. Ele me induziu a fazer várias coisas novas.
- Ele te induziu a fumar?
- Sim, mas um cigarro ou outro não faz mal a ninguém.
O garçom chega com as bebidas.
- Ah Helena você não sabe o mal que isso te faz.
- Não é nada comparado com o que você me fez.
- Drama novamente?
- É só a vida falando por mim.
- Ah menina, beba logo este café antes que esfrie.
- Já esfriou.
- O café?
- A vida.
...
Caio Fernando Abreu.
...
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Defeitos
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Sentimentos
que nos acostumar. Essa é a lei da vida!
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Ficar sem você...
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
...
E eu vaguei pelas ruas, meu amor. Olhei vitrines, alimentei uns pássaros que ainda ousam aparecer no meio dessa metrópoles turbulentas, vi crianças sorrindo e gente de bom coração se despindo de esperança para enfrentar mais um dia de trabalho. Quantas histórias eles carregam na vida? Quantos traumas eles carregam na alma? Quantos amores eles carregam no peito? Será que eles tem bom coração mesmo? Mas afinal, quem sou eu para julgar alguém? Estou aqui, normal por fora e fétido por dentro, a espera de um barco para me salvar, de um par de pés para me guiar.
Estou aqui meu bem, carente de salvação, mas declinando de tudo que possa me fazer algum bem, pois eu quero sofrer, eu preciso. Eu estou aqui, tendo uma força sobrehumana por que não faz parte de mim desistir, eu não me permito, eu desisto de desistir todas as noites; Eu sinto, ah como eu me sinto, mas passa… então eu volto a sentir, por que como eu te disse: Eu não desisto. As dores do mundo são grandes, os desamores muitos, mas mesmo assim: Eu escolho sentir, pois sentir é minha única salvação do definitivo.
Por que meu amor, eu nasci para sofrer, para sentir por mim e por metade da população que me cerca, para escrever. Eu nasci para ser figurante, no máximo, coadjuvante. Fui programada para limpar a sujeira dos outros, para observar indas e vindas, sofrer por qualquer despedida. Vago por ruas, como uma prostituta suja, atordoada, refém da noite, por todo o amor que você me fez sentir e de repente, me arrancou, tirou o meu coração de dentro do peito. É difícil vagar pelas ruas sem ter uma alma menos atordoada para me guiar.
Eu cresci assim, escondendo a verdade da vida, o sujo do que é viver. Eu escondi, mas sempre vi e senti o dobro, quem sabe o triplo de tudo que eu poderia aguentar. Mas eu aguentei. Aguentei por acaso, por razões que eu não sei explicar, como se fosse um tipo de dom maldito sentir toda a dor do mundo.
Por que no final, viver é isso não é meu bem? É sentir. Se você não sentir, a vida não tem sentido algum. Afinal, o que é a vida? Uma lástima divina? Causa perdida talvez, meu amor… Como todas as chances que desperdicei com você. Uma lástima, uma causa perdida. Mas ainda é o seu par de pés que eu procuro a cada esquina imunda que passo, a cada calçada que piso… É você que eu espero sentir entre meus braços.